Saíram de carro para a cidadezinha
pequena que distava alguns quilômetros do sitio onde moravam quase todos que
acompanhavam o cortejo, exceto um relativo numero de pessoas vindas das
circunvizinhanças para assistirem esta festa, eram oito horas da manhã
acompanhando o cortejo nupcial que era a coisa mais bonita já vista nos últimos
anos naquelas paragens. Lá na frente estava o carro que conduziam os noivos, um
carro de luxo, onde estavam também os padrinhos de ambos, logo atrás estavam
diversos outros e um caminhão lotado de pessoas da região conforme foi muitos
anos o costume da época, nos sertões, os convidados de um modo geral, todos
iriam assistir o casamento na igreja e no cartório do lugarejo. Estrada
relativamente boa, a subida da serra era mais difícil, mais ainda era a descida
que merecia muito cuidado e atenção dos condutores dos veículos. Viagem normal
até ali, fogos nos ares ribombando todo momento por que tudo era festa, animado
o povaréu, e os carros distanciavam uns dos outros, por causa da poeira que os
da frente iam fazendo, logo na descida da serra o carro dos noivos, não se sabe
se por ironia do destino, ou sina determinada por Deus, dele escapa a barra da
direção e o carro desgovernado sai da estrada, descamba e cai na ribanceira,
acidente fatal em questão de segundos. Os demais que vinham atrás foram
deparando com aquilo, foi um horror nunca visto, só lágrimas se via no rosto
das pessoas que acompanhavam o cortejo nupcial, com muito custo desceram até o
lugar que se encontrava o carro dos noivos caído com as rodas para cima entre
duas pedras e eles presos entre as ferragens com os padrinhos, todos mortos! Toda aquela animação e alegrias por aquele
casamento tão esperado e festivo acabou-se em luto de uma forma trágica, cruel,
sinistra, e inesperada, abalou meio mundo que tomou conhecimento do caso.
Silenciou até as aves do campo que cantavam tão alegres naquela manhã
primaveril, saudando o casal de noivos em sua passagem por ali, tornou-se um
dia triste como nunca visto antes! Velório amplo, lágrimas que não cessavam de
cair, lamentações de todos os amigos, conhecidos e estranhos também! Cortejo
funeral, sepultamento feito no dia seguinte, tristezas que pareciam não ter
fim. Mas o tempo se encarrega de aliviar as dores, tristezas e os emaranhados
da vida. Tudo volta ao normal, e a vida continua para todos que ficaram. E para
o casal de noivos ainda melhor, é o que vamos falar agora, após o sepultamento.
No jazigo ficaram unidos também, uma sepultura só para ambos, assim como foram
leais e fiéis um ao outro em vida terrena, na eterna morada também ficariam
unidos como se fosse para servirem de referência para os demais casais que
quando os visitassem, lembrar-se-iam de tão bela amizade. Logo em seguida ao
sepultamento, o casal parte para uma dimensão diferente da nossa, felizes como
estavam. A primeira coisa que sentiram ao deixarem a dimensão terrena foi uma
sensação de sonolência, como se acordassem de um longo sono, era o desenlace do
espírito-matéria. Abrindo os olhos viram um imenso clarão, um resplendor sem
igual, mais belo que uma aurora boreal. Com vestes angelicais agora, sentem a
leveza de seus espíritos em um novo corpo, o celestial, estando agora em ascensão,
sobre uma nuvem que os envolviam, seus passos eram cândidos, os levando para um
lugar distante e muito lindo, ouviam sons e cânticos suaves, uma música maviosa
que os enterneciam, orquestras que se seguiam uma a outra, uma coisa
indescritível á mente humana, sem saberem de onde vinha aquela sinfonia,
sentiam-se como partículas ou bolhas que flutuam no ar, de fato estavam
flutuando mesmo, então olharam e viram distante uma luz ainda mais fulgurante
que os convidava para irem até ela, era um facho que focava indicando o caminho
por onde deveriam passar, instintivamente iam obedecendo esta luz tão bela,
multicores assim iam seguindo por aquela estrada tão florida e suave, nem
pareciam que estavam andando, na verdade eram conduzidos por algo invisível
como uma nuvem sendo tangida por uma brisa delicada.
Um perfume de aroma agradável, fragrância
inigualável, nunca sentida antes, um lugar fresquinho, uma brisa suave tangendo
e afagando rostos e cabelos. Nem estavam com pressa, o tempo ali nem
interessava também, era uma viagem muito bela a ponto de nem se preocuparem com
qualquer outra coisa, levantaram a vista e divisaram um castelo enorme, como
uma fortaleza dos tempos medievais longe dali, ele emitia uma luz resplandecente
que olho humano nenhum suportaria sustentar fixando nela, parecendo um grande
diamante reluzindo á luz do sol em toda a sua magnitude, mas eles sim olhavam
maravilhados para aquela aparição tão bela, inesperada, e logo perceberam que a
estrada era uma longa subida até chegarem ao castelo, ninguém sentia canseira
ao escalar aquele penedo lindo que era igual um tapete de tanta maciez e
suavidade. Enfim chegaram no pátio do castelo, rodeado de jardins e flores de
toda espécie e cores, fontes luminosas, circundadas por arco-íris apesar de não
saberem de onde vinha a luz, bancos
reluzentes parecendo feitos de pedrarias finíssimas á espera de quem chegasse
ali para descansar, de repente veio ao encontro deles um guardião saindo do
nada, era um soldado da guarda real, que perguntou a eles: O que desejam, meus
jovens? Posso servir-lhes em quê? Não sabemos onde estamos! Nem o que queremos!
Estamos chegando de uma longa viagem! Nem sabemos de onde viemos! Não temos
lembranças de nada! Pedimos ao senhor que nos ajude a entender estas maravilhas
que estamos vendo. Disseram os noivos! O vigia deu um sorriso agradável e
amistoso aos dois e disse: Estão vendo aquela porta que parece ser de vidro ali?
Sim! Responderam! Ao chegarem lá automaticamente ela se abrirá. Adentrem-na e
sentem-se numa sala de espera. Um senhor de óculos os atenderá com delicadeza,
ele é bem idoso, parece uma pluma a cabecinha dele de tão branquinho que são
seus cabelos. Ele lhes dará todas as informações de que precisam, é ele o
guardião da porta de entrada deste lugar que vocês vieram conhecer. Isto aqui é
um reino, o mais encantado de todos que são conhecidos, só é o que posso lhes
informar! Sejam bem vindos! Agradeceram ao soldado guardião e foram. Assim que entraram
nem deu tempo de sentarem, o atendente com um gesto alegre os atendeu, dizendo:
Meninos eu já estava vos aguardando, disse sorridente. Apanhou um livro desta
grossura, folheou-o com paciência, delicadeza e um cuidado especial, chegou numa
folha azul clara e outra cor de rosa, cujas páginas se uniam quando o livro
fosse fechado. Lá estavam os dois nomes estampados e escritos com letras de
ouro! De um lado, azul o nome do rapaz, do outro lado, rosa estava o nome da
moça. Chamando-os o bom velhinho perguntou: Diga o seu nome, por favor? Daniel!
O rapaz falou! Conferiu disse o velhinho! A moça disse, Lucinda é o meu! Confere
também afirmou o ancião! Afinal o que querem vocês? Casarmos! Disseram em coro!
O Atendente coçou o queixo, passou a mão na barba, assentiu com a cabeça num
gesto de quem vê ou sabe que há impedimento na petição! Respondendo aos dois:
Porque não se casaram lá de onde vieram? Nós saímos para casar, mas de repente
a gente nem viu o que aconteceu, por isso estamos aqui querendo celebrar o
nosso casamento! Disse a moça. Eu já estava informado que vocês viriam para cá
sem se casarem! Afirmou o bom velhinho. Mas acontece que aqui não casamos
ninguém! Aqui não há casamentos! Do jeito que aqui chegam, permanecem! Por dois
motivos: O primeiro: Se casassem aqui, teriam que viver até a eternidade, juntinhos
sem problema algum. O segundo: Jamais poderiam pensar em divisões no matrimônio
celebrado. Aqui não há separações, nem
divórcio ou desquite, nem desunião, nem desavenças, nem divisões de espécie
nenhuma, nada similar para os que aqui chegam casados!
Aqui não tem: Quem vos
satisfaça neste pedido de união ou desunião, nem advogados, juízes, promotores
nem testemunhas para arrolarem estas coisas quando há litígio entre as partes
interessadas em separação. Mas não se casam aqui, porque senhor? Perguntam os noivos! É que aqui, onde estamos
é o céu! Aqui é o reino da Glória de Deus! Reis, Rainhas, Imperadores,
Imperatrizes, Príncipes, Princesas que governam cada um o seu povo! Reino do
Amor! Reino de luz e Paz! Reino da União, Da felicidade! Morada de todos os
Santos! E de todas as pessoas boas que viveram na terra, que Deus as arrebatou!
Aqui a vida não tem fim! A alegria que sentiram aqui ao chegarem é para todo o
sempre! Nossa, responderam os dois! E agora amor? Perguntou a moça ao rapaz! O
que faremos então? Não sei querida! O que este senhor disser é o que nós
faremos com prazer! A moça replicou tentando mais uma vez ver se convencia o
ancião acerca de como resolver a situação deles, lembrando-se de Santo Antônio,
o santo casamenteiro das moças lá na terra. Fora muito devota dele, pois
namoraram um bom tempo com muito respeito, nunca pecaram, nem desobedeceram em
nada os pais dele e dela também quanto ás regras do namoro, noivaram com a
maior alegria e felicidades até na hora que se casariam, então confiante disse
a São Pedro: Posso pedir uma coisa ao senhor? Pode, disse o velhinho que
mostrava um semblante de moço, de tão feliz estava, nesta altura eles já sabiam
que ele era São Pedro, o porteiro do céu. Muito animada, esperançosa que ele
podia pedir que Santo Antônio fosse casá-los, assim o fez. Eu queria tanto que
Santo Antônio nos casasse? São Pedro lhe disse: Aqui todos nós dependemos das
ordens do Senhor Nosso Deus todo Poderoso. Que é Supremo e governo do céu!
Levar o vosso pedido até ele não custa nada, mas resolver seu caso só ele pode,
se assim o quiser! E o que ele disser é isto mesmo, concorda? Sim, disse a
moça! São Pedro pediu-lhes que aguardassem uns instantes, enquanto ia ter com
Santo Antônio primeiro, e depois com o Senhor. Mas nosso Senhor estava muito
ocupado, demorou um pouco, mais depois de um tempo São Pedro voltou com a
resposta: O Antônio, disse assim no tratar o casamenteiro, porque ele São Pedro
também é Santo tendo direitos iguais, se dispõe a casá-los sim, e com muito
prazer se o Senhor consentir! Ele sempre foi muito bondoso com os casais, nunca
desamparou nenhum deles, desde quando vivia na terra. E daqui do céu muito mais
ainda ele os ampara, mas o Senhor aposentou-o para que descansasse de tão
cansativa missão, e sendo assim não pode trabalhar mais, o Senhor não dá esta licença
a ele, que por sua vez é muito fiel ás ordens do Senhor. Nunca as desobedece,
inda mais por ser o único padre que tem aqui no céu! Ele é muito amado pelo
Senhor, sobretudo porque sempre ajudou na manutenção dos lares dos seus devotos
na terra! Nos tempos antigos quando o povo era mais respeitoso com seus
semelhantes e com as coisas celestiais, não sendo tão pecadores, amorosos entre
si, muito fiéis ao Senhor, e os casais entre si, se davam bem desde o namoro,
noivado, no casamento viviam em paz, ninguém se separava, não se traiam, nem
prostituindo em tempos nenhum, não havia tantas modas indecentes quanto ao modo
de vestirem e se comportarem, as atitudes do povo lá na terra eram aprovadas
por Deus.
Hoje é tudo diferente, os homens e mulheres mudaram tudo, conforme os
seus gostos e costumes modernos. Lá hoje se vestem pouca roupa, namoram até
nus, as moças que engravidam sem casar passam o maior vexame, muitas vezes os
pais não querem mais vê-las em casa, expulsam-nas, outras tomam veneno de tanto
desespero, matam os namorados, eles as matam também, os rapazes não assumem o
compromisso entre ambos pelo que fizeram a sós, então elas abortam o filhinho
antes de nascer, e se nascem jogam a criança no cesto de lixo, nos esgotos com
a maior crueldade, outros se casam de qualquer jeito, os pais adotivos maltratam
os filhos delas por não serem seus, as mulheres até queimam as pobres
crianças por serem filhos só do marido também, se ajuntam, trocam de parceiros
entre si, outras entram para vida de prostituição misturam dois homens ou duas
mulheres, se largam, se ajuntam de novo. Perderam o respeito e a vergonha,
existe lá terra até um negócio chamado! “Ficar” que ninguém mais tem
responsabilidades um com o outro. Uns se
matando, outros morrendo matado, até quem pode mais, paga alguém para assassinar
a outra parte. Matando crianças no ventre e até grandinhos também. Acabou-se o
casamento e a família honrada que o Senhor instituiu desde a criação do
primeiro casal, virou uma bagunça entre homens e mulheres, que o Senhor não
suporta mais, por isso ele não ouve nem atende mais pedidos assim. Hoje são as
mulheres lá na terra que dão de cima dos homens, eles correm na frente, e elas
correm atrás deles, então eles se aproveitam da onda da desobediência delas
para fazerem o que querem com todas, sejam, moças, sozinhas, desquitadas,
viúvas, largadas ou mulheres alheias, não há mais consideração de ninguém, ficaram
elas muito desvalorizadas, e isto entristeceu muito o Senhor! Porque ele não as
criou para viverem e nem procederem assim, em desonra! Elas deveriam permanecer
como foram criadas, virgens e puras até no casamento. São elas as primícias da
criação do Senhor! Mas elas mesmas
querem viver assim, por conta de direitos iguais aos dos homens, querem ter
liberdade, dizem elas, mas não entendem que liberdade, é uma coisa, e
libertinagem é outra. Quando se achavam cativas, todas eram felizes, e agora?
Nem a metade delas são! Proibiu Deus o Antônio de atender pedidos destas. Inda
mais com eu disse: Ele é o único padre que tem aqui no céu. Sabem o que
acontece para complicar mais? Até muitos casais mais antigos, já idosos, com
filhos todos criados, avós de tantos netos começaram se largando, de uns tempos
para cá até as velhas e os velhos arranjaram nem sei de onde, um fogo
sem-graça, estão se separando, arranjando namorados também, e murmurando contra
o Antônio, ele os ajudou com tanto amor na escolha do casamento para as moças,
depois elas começaram aceitando os maus costumes modernos, brigando com os
maridos, espancando os filhos, não querendo criar mais, tomando pílulas,
traindo seus maridos, eles traindo elas também, e o pior que te falo, é que
resmungavam dizendo que o culpado deste casamento não ter dado certo foi Santo
Antônio, que os uniu. As queixas, murmurações e até blasfêmias contra o Antônio
foram tantas que chegou ao conhecimento do Senhor aqui no céu! Ele então
proibiu o Antônio de ajudar e fazer casamentos na terra! São muito poucos os
casamentos que são dignos e honrados lá na terra, são felizes, porque o Senhor
os tem amparado, milhares de mensageiros daqui estão lá na terra
resguardando-os do mal, são relíquias do senhor nestes tempos do fim! Agora que vocês dois já estão aqui no céu sem
o casamento, nem precisam mais! Vocês estão puros e sob os cuidados do Senhor,
aqui neste livro que tenho em mãos registra tudo o que fizeram de bom lá na
terra. E os que procederam de outra maneira, aqui no livro não aparecem nem os
seus nomes por estarem manchados pelos pecados gravíssimos e terríveis
cometidos! Pois não pertencem mais ao Pai, até se arrependerem de todo o mal
praticado! Portanto vocês podem ficar neste jardim, namorem , passeiem a
vontade, por um tempo que o Senhor permitir! Depois ele determinará o lugar que
vocês ficarão, e que será para toda a eternidade! Serão muito felizes! O
casamento aqui é simbólico! É o mais belo que existe, e vocês dois o mereceram
por terem conservado respeito ao Senhor e seus Santos além da pureza, a
honradez, o amor verdadeiro, a lealdade, a sinceridade, o respeito e a
vergonha, consideração um pelo outro até o fim de vossas vidas físicas lá na
terra, em meio a uma enorme turbulência de tantas modalidades de pecados nunca
vistas antes, tantas são as maldades e desobediências ao Senhor que lá imperam!
Entenderam? Sim, responderam os dois! O senhor tem razão! Muito obrigado por
tudo! Recebam meus parabéns e votos de muitas felicidades completou São Pedro!
Aguardem mais um pouco, até que seja feita uma festa em vossa homenagem!
CONTOS QUE NÓS APRESENTAMOS PARA OS NAMORADOS MEDITAREM!
APESAR DE SER SÓ IMAGINAÇÃO VALE A
PENA LEREM E OUVIREM!
AUTOR DESTE CONTO: LUIZÃO-O-CHAVES ANASTÁCIO
MS 21/12/2013