Junho de quarenta e seis, um convite recebemo,
Um frio de rachar o cano, assim mesmo nós topemo,
Era pra caçar uma onça, nas mata de Juruena,
Uma famosa pintada, nóis em três nem vacilemo,
Comigo o Zé Roberto e um preto veio Seu Juremo,
Cipó gibom e arranha-gato com corage enfrentemo,
Cinco cão duas cadela, na batida istumemo,
No pescoço das cachorra, dois cincerro nóis puzemo,
No alto do pé da serra, lá pra baixo espiemo,
Só vendo pra acreditá, o lugar que nóis passemo,
Tinha cebo nas polaina, por isso que nóis cheguemo,
Era um gato macharrão, no mijado conhecemo,
A onça deu acuada, o rebuliço escutemo,
Dava cada bruto esturro, que até estremecemo,
Só vendo a cara do bicho, quando ele encherguemo,
Previnimo a 36 a carabina do Juremo,
Zé Roberto com o 32, com o bichão nóis num brinquemo,
Sentado no pé do angico, a estratégia nóis tracemo,
Um em cada posição, espalhado nóis fiquemo,
Caso o gato reagisse, a defesa nóis já temo,
Um paletó e chapéu velho, de um saco nóis tiremo,
Duas vara de marmelo, um caçador nóis inventemo,
Na frente do acuado, o espantalho nóis pusemo,
Distante uns nove metro, foi isto que calculemo,
Fosse o pulo do felino,era isso mais ou menos,
Caso a gente perdesse o tiro , o perigo num corremo,
E depois de tudo pronto, este plano executemo,
De nóis três dois atirava, a ordem do seu Juremo,
Um de nóis em cada olho, com o Juda nóis mexemo,
O veio conta um e já, o dedo nóis arrastemo,
O gatão salta pra riba, cai de lombo no terreno,
Com a cabeça estourada, do jeito que planejemo,
A onça rolava no chão, somente se debatendo,
Esse bicho é perigoso, mas destreza é o que nóis temo,
Com essa deu 36, fora as que num contemo,
Suspiramo aliviado, a empreitada terminemo,
Não é pra pater o papo, viu o tanto que caçemo,
Esta deu vinte e seis parmo, a maior que abatemo,
Do rabo até no focinho, esta a medida que achemo,
No chimarrão ao pé do fogo, este causo relembremo!
Luizão, o Chaves!